'saber o que quer, ir à luta e todo mundo ser igual'

sábado, 31 de julho de 2010

"L'Oratório D'Aurélia" - um trecho do espetáculo estrelado pela neta do chaplin. fantástico

"quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos"


“Por viver muitos anos dentro do mato
moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro –
Contraiu visão fontana.”
manoel de barros

O menino passarou. Não, não quer dizer que ele se tornou um pássaro. Muito menos que ele se parece com um pássaro ou tem atitudes de pássaro. Não se trata de metáfora ou qualquer outro tipo de comparação.
O menino contraiu um devir-pássaro. É como se entre ele e o pássaro houvesse uma harmonia, uma linguagem comum, um sentimento compartilhado. É como se o pássaro se sentisse tão à vontade e fizesse um ninho em sua cabeça. É como se ele se sentisse tão próximo e fizesse o pássaro dormir em suas mãos. Mas isto não quer dizer que o devir dependa do contato, de uma convivência conjunta. Contrair o devir-pássaro é contrair a potência do pássaro.
Mas para isso, é preciso se despojar de uma realidade demasiadamente humana. Seria o mesmo que falar uma linguagem sem gramática ou pensar o funcionamento do corpo sem os órgãos. Isto é possível?
Há quem aposte que sim!

noboteco.wordpress.com

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Álvaro de Campos

Aniversário
(Álvaro de Campos)

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

menino passarinho

Você é isso
Uma beleza imensa
Toda recompensa de um amor sem fim
Você é isso
Uma nuvem calma
no céu de minha alma
e ternura em mim
você é isso
estrela matutina
luz que descortina um mundo encantador
você é isso
barco de ternura
lagrima que é pura
Paz do meu Amor

Quando estou nos braços teus
Sinto o mundo bocejar
Quando estas nos braços meus
sinto a vida descansar
no calor dos seus carinhos
Sou um Menino Passarinho
Com vontade de voar

Sou Menino Passarinho com Vontade de Voar

jessé

abriu!